É preciso manter o sorriso

Manaus, 13 de outubro de 2020

Certa vez ouvi de uma jogadora da seleção brasileira feminina de vôlei uma observação curiosa: “as jogadoras do Japão, quando erram ou sofrem um ponto, ficam sorrindo como se não tivesse acontecido nada, eu não entendo”. E que, intrigada, procurou saber o motivo dessa atitude e ficou mais surpresa ainda. Trata-se na verdade de sabedoria de uma cultura milenar. Explicaram-lhe que, ao sorrir, você não se deixa abater, mantém sua serenidade e continua focada no seu objetivo.

É claro que no esporte essa é uma grande arma de combatividade e perseverança, nem todas as vezes pode dar certo, mas é inegável que ajuda na disputa. Recordei essa situação para fazer uma analogia com os acontecimentos que têm nos inquietado e que envolve a nossa Zona Franca de Manaus (ZFM). Há momentos que precisamos sorrir para mantermos nossas esperanças, nosso foco no trabalho e nossa perseverança na defesa do nosso modelo econômico, mesmo quando as coisas estão difíceis, como agora.

Impressiona-me as ideias estapafúrdias que criam para tumultuar e confundir, com o intuito de eliminar ou diminuir estímulos tão necessários ao nosso desenvolvimento e que são pródigos em resultados comprovadamente positivos para a sustentabilidade econômica/ecológica, que vou apelidar de eco/eco.

O Polo Industrial de Manaus (PIM) é o motor que movimenta a economia da região, gerador de oportunidades de negócios nas mais diversas áreas dos setores primário, secundário e terciário. Estudos realizados por entidades de credibilidade comprovada atestam com dados irrefutáveis que o Amazonas, com sua ZFM, é gerador de receitas tributárias com valores anuais próximos a R$19 bilhões para os cofres da União, aproximadamente R$ 11 bilhões ao Estado, além dos efeitos multiplicadores de geração de empregos e renda, bem como na importante contribuição de mais de R$1,7 bilhão para os Fundos, criados pela lei de incentivos do Estado, para serem empregados na infraestrutura, interiorização do desenvolvimento, formação de capital intelectual e tecnológico, fomento de micro e pequenas empresas.

Acrescenta ainda expressivo volume de contribuições provenientes das empresas do subsetor de informática, que são destinadas ao financiamento de projetos de P&D. A canção de Charles Chaplin, na versão de João de Barro, gravada em 1955 por Jorge Goulart e regravada na voz de Djavan em 1996, intitulada “Sorri”, expressa muito bem o nosso sentimento de resiliência, mesmo com a perda recente de Celso Piacentini, digno e ilustre defensor da ZFM. A melodia diz: “Sorri / Quando o sol perder a luz / E sentires uma cruz / Nos teus ombros cansados, doridos / Sorri vai mentindo a tua dor / E ao notar que tu sorris / Todo mundo irá supor / Que és feliz “.

Continuaremos sorrindo para enfrentar todos esses desafios com disposição na renhida batalha. Sorrindo quero também deixar registrado nosso apreço e estima por um amigo que é guerreiro até no nome, Mário Expedito Neves Guerreiro, que este mês completou 100 anos de vida, bem vividos.