Programa SENAI de Ações Inclusivas

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Amazonas) desenvolve o Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI) há mais de dez anos. Durante o período certificou 2.725 alunos de forma gratuita em diversos cursos profissionalizantes. A instituição realiza o programa em quatro vertentes, promovendo acessibilidade à educação para deficientes, imigrantes, idosos, e gênero, sendo que neste último o sexo feminino e o masculino são inseridos em cursos de qualificações estigmatizadas para homem e para mulheres, como os da construção civil e confecção do vestuário. De 2011 até o 1º semestre deste ano, o maior público do PSAI formou-se por refugiados do Haiti que chegaram a Manaus após a tragédia de 2010, em Porto Príncipe. A capital haitiana foi atingida por terremotos que destruíram metade das construções da capital, deixando mais de 1,5 milhão de desabrigados, agravando ainda mais os problemas sociais do país que é considerado um dos mais pobres da América. Ao longo dos últimos três anos, o SENAI certificou 436 haitianos, qualificando-os para exercer uma profissão nos segmentos produtivos de eletroeletrônica, metalmecânica, alimentos, confecção do vestuário, construção civil, entre outros. Em uma ação paralela, o SENAI Amazonas doou colchões e kits de educação da língua portuguesa, formado por dicionários e gramáticas para auxiliar os imigrantes na familiarização com o idioma nacional. A psicóloga da Gerência de Educação, Tecnologia e Inovação do SENAI/AM, Tatyanne Cardoso, lembra que para suprir a demanda por qualificação profissional dos haitianos, o SENAI Amazonas firmou convênio em 2011 com a Paróquia São Geraldo, concedendo vagas nas programações trimestrais realizadas nas quatro escolas da instituição na capital. Tatyanne revela que uma das principais barreiras encontradas pelos alunos é a compreensão e a fala do idioma português, pois a maioria utiliza o crioulo, mistura da língua oficial do país que é o francês com línguas indígenas africanas, já os mais escolarizados dominam também francês, inglês e espanhol. “O programa traz em seu nome o objetivo desta iniciativa que visa ação inclusiva à qualificação profissional para alunos que estejam entre uma das vertentes do PSAI que são raça/etnia, gênero, pessoas com deficiência e idosos. Sendo assim, não promovemos uma turma específica para cada vertente, esse grupo de alunos, com suas características culturais e limitações, é inserido na programação de cursos das escolas do SENAI para interagir com os demais alunos e adquirirem o aprendizado”, explica a psicóloga. Segundo o coordenador da Pastoral dos Migrantes, padre Gelmino Costa, os refugiados necessitam de apoio para reconstruir suas vidas, destacando que isso é alcançado por meio da profissionalização e da estabilidade de emprego. O padre comentou que mais de cinco mil haitianos entraram em Manaus de forma regularizada ao logo desses três anos pós-catástrofe, porém revela que este número é muito maior. “A igreja e a sociedade dão um grande apoio quanto às condições básicas de sobrevivência aos haitianos, contribuindo com alimentação e moradia, porém para terem uma perspectiva de futuro é necessária a instrução profissional, a qualificação dessas pessoas para que tenham a oportunidade de emprego e renda”, disse o padre. O caminho do conhecimento e da formação profissional para conquistar o mercado de trabalho brasileiro foi trilhado por Theole Joseph, de 40. O haitiano escolheu a construção civil para dar início à reconstrução de sua vida, realizando grandes planejamentos para o futuro. Após passar pelos cursos de pedreiro e mestre de obras do SENAI Amazonas, em 2012, Theole começou a vislumbrar oportunidade promissora de atender o mercado da construção, bem como de contribuir com a empregabilidade de cidadãos haitianos que ainda dependem do total assistencialismo da Igreja Católica e de outras organizações. Theole Joseph resolveu organizar uma microempresa de construção civil, sem largar a qualificação, na qual recentemente concluiu mais um curso na Escola SENAI Demóstenes Travessa para adquirir habilidades no domínio do AutoCAD, programa aplicado na elaboração de desenhos em projetos de construção civil. “Estou em Manaus há um ano e meio e percebi que é importante iniciar um projeto de vida com a educação. No SENAI tive a oportunidade de me especializar na construção civil e hoje sou um microempresário que recebo propostas para realizar pequenas obras”, conta Theole. Ao lado do instrutor de marcenaria Ivanhoe, Jodany busca na qualificação o aprimoramentos de suas atividades na carpintaria A Escola SENAI Demóstenes Travessa, direcionada a formação profissional para a indústria produtiva da construção, é um dos locais que Theole busca mão de obra quando as demandas aumentam. Assim como Theole, o carpinteiro Jodany Laurency, de 29 anos, ingressou no curso de operador de máquinas de marcenaria para desenvolver os serviços de sua atividade profissional com mais qualidade e precisão. Jodany é funcionário de uma construtora nacional que possui obras de grande porte no Amazonas. O haitiano carpinteiro também sonha em conquistar melhor condição de vida para poder ajudar os membros de sua família que ficaram no Haiti. Atualmente, ele mora com o irmão e outras quatro pessoas numa casa alugada, porém apenas três contam com renda e dividem-se para ratear as despesas. A situação dos haitianos em Manaus ainda é difícil e o número de novos imigrantes não para de aumentar. O ponto de apoio dos refugiados é a Paróquia São Geraldo, localizada no bairro da Chapada, e é de lá que são encaminhados ao SENAI para candidatarem-se aos cursos profissionais da instituição. Mais informações: Psicóloga do SENAI/AM responsável pelo PSAI, Tatyanne Cardoso: 3182-9971 ou tatyanne.santos@am.senai.br Responsável pelo cadastramento e encaminhamento de haitianos aos SENAI, irmã da Paróquia São Geraldo, Valdiza Carvalho: 82556319 ou 9125-4906. Microempresário haitiano da construção civil, Theole Joseph: 8259-8239. Carpinteiro e aluno de marcenaria do SENAI, Jodany Laurency: 8144-0014 ou 9223-1922.